28/09/2012

O SOL E O DIA

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25/09/2012

A CRUZ E SEUS SIMBOLISMOS

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É possível detectar a presença da cruz, seja de forma religiosa, mística ou esotérica, na história de povos distintos e distantes como os egípcios, celtas, persas, romanos, fenícios e índios americanos.
Seu modelo básico traz sempre a intersecção de dois eixos opostos, um vertical e outro horizontal, que representam lados diferentes como o Sol e a Lua, o masculino e o feminino e a vida e a morte, por exemplo.
É a união dessas forças antagônicas que exprime um dos principais significado da cruz, que é o do choque de universos diferentes e seu crescimento a partir de então, traduzindo-a como um símbolo de expansão.
De acordo com o estudioso Cirlot, ao situar-se no centro místico do cosmos, a cruz assume o papel de ponte através da qual a alma pode chegar a deus. Dessa maneira, ela liga o mundo celestial ao terreno através da experiência da crucificação, onde as vivencias opostas encontram um ponto de intersecção e atingem a iluminação.
A cruz possui assim, como todo símbolo, múltiplos sentidos; mas a intenção não é de desenvolver todos aqui, e sim apenas alguns.
Para voltarmos ao simbolismo da cruz, diremos que ela tem vários sentidos, mais ou menos secundários e contingentes e é natural que seja assim, dada a pluralidade de sentidos que cabem em qualquer símbolo.
Apesar de ter sido difundida pelo cristianismo como símbolo do sofrimento de Cristo à crucificação, a figura da cruz constitui um ícone de caráter universal e de significados diversificados, amparados por suas inúmeras variações.


cruzA Cruz, pode ser encontrada em um número muito grande de variações, porém o modelo básico é sempre a interseção de dois segmentos retos, quase sempre na vertical e horizontal. O significado do símbolo da cruz é sempre a conjunção dos opostos: o eixo vertical (masculino) e o eixo horizontal (feminino); o positivo e o negativo; o homem e a mulher; o superior com o inferior; o tempo com o espaço; o ativo com o passivo; o Sol com a Lua; a vida com a morte, etc., pois tudo no universo (e no homem) nasce e se desenvolve a partir do choque doloroso de forças antagônicas. A Cruz afirma assim a relação básica entre o Celestial e o terreno, e que é, através da crucificação (o conhecimento dos opostos), que se chega ao centro de si mesmo (a iluminação)

cruz simplescruz gregaCruz simples: Em sua forma básica a cruz é o símbolo perfeito da união dos opostos, mantendo seus quatro "braços" com proporções iguais. Alguns estudiosos denominam esta como Cruz Grega. Uma cruz simples representa a redução à unidade, campo de manifestação exterior que, partindo de um ponto central expande-se nas quatro direções. Também conhecida como crux immissa quadrata. Todos os seus braços têm o mesmo comprimento.
Da forma como sempre foi conhecida, a cruz grega é um mistério que deixou mais de um cientista perplexo, por que ela é encontrada a um grande número de inscrições indecifráveis pelo arqueólogos. É encontrada no Iucatã e na América Central em particular.

bandeira da EscóciaCrux Decussata




Cruz de Santo André: Usada na bandeira nacional da Escócia, também é chamada crux decussata. André se recusou a ser crucificado em cruz semelhante a de cristo por se achar indigno, e suplicou para ser crucificado nessa cruz em forma de X. Essa cruz é simbolo da humildade e do sofrimento. Em heráldica, dá-se o nome de sautor ou aspa à cruz em forma de X.

Cruz de Santo Antonio mjolnirCruz de Santo Antonio (Tau):Recebeu esse nome por reproduzir o desenho da 19a letra grega Tau. Para os gauleses a Tau representava o martelo (mjolnir) do deus escandinavo THOR. Já era usada como significado simbólico pelos antigos egípcios, como a representação de um martelo de duas cabeças, o sinal daquele que faz cumprir.

Cruz CristãCruz Cristã: Definitivamente o mais conhecido símbolo cristão, que também recebe o nome de Cruz Latina. Os romanos a utilizavam para executar criminosos. Por conta disso, ela nos remete ao sacrifício que cristo ofereceu pelos pecados das pessoas. Além da crucificação, ela representa a ressurreição e a vida eterna.
Na sua simbologia, a Cruz Latina tem dois significados:
A trave horizontal significa o Alfa e o Ómega, ou seja, o princípio e o fim.
A trave vertical significa, na visão de alguns, a ligação entre o céu e a terra.

anucruz_anuCruz de Anu: Utilizada tanto por assírios como caldeus para representar seu deus Anu, esse símbolo sugere a irradiação da divindade em todas as direções do espaço.
A realeza de Anu foi talvez a mais longa; corresponde à aurora da civilização e sem dúvida aos tempos proto-históricos; daí a circunstância de não possuirmos quase nenhuma prova da sua supremacia.  Mas o clero de Uruk, lugar do culto de Anu, conservou-nos a história da "exaltação de Istar". Preso aos encan­tos de Istar, Anu desejava, há muito tempo, pô-la em pé de igualdade com ele; consulta, então, os deuses sobre a oportu­nidade de reabilitar sua amante; o "conselho de família" das divindades é unânime a lhe sugerir que regularize sua situação com a formosa deusa. Anu, então, eleva Istar até junto do seu trono; seu nome de casamento será Antu, a forma feminina do nome do esposo, como Nin-lil é a forma feminina de Enlil. Depois dessa exaltação, Ismr, a sumeriana Inin, ocupa lugar de desta­que no céu, junto de Anu e se identifica com o planeta Vênus.
cruz ansataCruz Ansata (anhk): Um dos mais importantes símbolos da cultura egípcia. A Cruz Ansata consistia em um hieróglifo representando a regeneração e a vida eterna. A idéia expressa em sua simbologia é a do círculo da vida sobre a superfície da matéria inerte. Existe também a interpretação que faz uma analogia de seu formato ao homem, onde o círculo representa sua cabeça, o eixo horizontal os braços e o vertical o resto do corpo.ankh7
Ansata ou Ankh é uma cruz egípcia, considerada como o símbolo da continuidade da vida, da eternidade, da imortalidade e da vida após a morte.
Ank e os Deuses
Um dos símbolos mais importantes da tradição egípcia, ela é encontrada a partir da quinta dinastia egípcia, mais freqüentemente nos templos de Luxor, Medinet Habu, Hatshepsut, Karnak e Edfu. O Ankh pode ser encontrado no túmulo de Amenhotep II onde o deus egípcio Osíris entrega ao faraó a Ankh, que o concederia o controle sobre o principio dos ciclos naturais, conquistando assim o dom da imortalidade. No século XIX a cruz ansata foi adotada por correntes esotéricas e ocultistas do ocidente, como forma de resgate da tradição egípcia. No Brasil, o cantor Raul Seixas foi um dos popularizadores do Ankh. O selo da Sociedade Alternativa criada por ele possuía um Ankh com dois degraus na haste inferior, simbolizando a ascensão do mago nos degraus da iniciação rumo à imortalidade.
A Cruz é constituída por um círculo entrelaçado a duas pontas opostas, simbolizando a unidade (círculo) originária da síntese dos opostos(duas retas), ou o nascimento da dualidade a partir de uma unidade fundamental. Outros estudiosos acreditam que seu símbolo esteja associado a Isis e Osíris, sendo a cruz uma representação da união entre ambos. Em sociedades esotéricas o Ankh também foi usado como símbolo da imortalidade e da vida eterna. ank_rosacruzA Ordem Rosacruz adotou a cruz ansata como representante da união do céu e da terra e da permanência da Tradição Egípcia entre os rosacruzes modernos. Os Ocultistas afirmam que a Cruz Ansata encerra um simbolismo muito profundo no Esoterismo.
ank 
KemetO significado mais simples e mais atribuído ao ankh é o de "vida". Seu símbolo está ligado ao poder de dar e de sustentar a vida, e por isso vemos muitas pinturas dos deuses egípcios carregando o ankh.
A origem do símbolo é desconhecida e diversas explicações são possíveis. A que mais me agrada é que ele representa a união do masculino (Osíris, cruz, falo) com o feminino (Ísis, oval, vulva), ou seja, as antiqüíssimas dicotomias céu/terra, masculino/feminino, ativo/passivo etc. já estariam presentes ali.
Já era usado como amuleto na antiga Kemet ("terra dos negros") – que depois foi chamada de Egito pelos gregos, sendo um símbolo de força e proteção trazidas pelos deuses.
É considerado também uma chave que leva à vida eterna.


gruzes gamadasCruz Gamada (Suástica): A suástica representa a energia do cosmo em movimento, o que lhe confere dois sentidos distintos: o destrógiro, onde seus "braços" movem-se para a direita e representam o movimento evolutivo do universo, e o sinistrógiro, onde ao mover-se para a esquerda nos remete a uma dinâmica involutiva. No século passado, essa cruz adquiriu má reputação ao ser associada ao movimento político-ideológico do nazismo.
A Cruz gamada é um símbolo místico encontrado em diversas culturas em diferentes tempos,dos índios Hopi aos Astecas, dos Celtas aos Budistas, dos Gregos aos Hindus. Em diversas culturas é um símbolo basicamente relacionado com boa sorte.
A cruz gamada é também conhecida como Suástica.
Hitler adotou a suástica como símbolo do partido nazista por ela parecer com uma engrenagem, com o intuito de querer passar a idéia de que ocorreria uma nova revolução industrial na Alemanha, porém isto não aconteceu e hoje a suástica só é lembrada como símbolo nazista e relacionada ao holocausto.
cruz gamadaA cruz gamada se tornou um tabu, em muitos países sua exibição é um crime, inclusive aqui no país, e seus outros significados foram totalmente esquecidos, até porque a mídia só lembra-se de difundi-la como símbolo do partido nazista.
Devemos quebrar este tabu, a cruz gamada pode ter sido chamada de suástica, pode ter sido símbolo do partido nazista e ser usada por neonazistas, mas, além disso, é um símbolo importante para diversas culturas, devemos deixar de lado a visão sensacionalista da mídia e lembrar-se do que realmente significa a cruz gamada basicamente : boa sorte.
A Origem da Cruz Suástica
A suástica ou cruz gamada como também é conhecida é um dos símbolos místicos mais difundidos e antigos do mundo. É encontrado do extremo Oriente à América Central, passando pela Mongólia, pela Índia e pelo norte da Europa. Foi conhecido dos celtas, dos etruscos, da Grécia antiga. Alguns quiserem remontá-lo aos atlantes, o que é uma maneira de indicar sua remota antiguidade. Qualquer que seja sua complexidade simbólica, a suástica, por seu próprio grafismo, indica manifestamente um movimento de rotação em torno do centro, imóvel, que pode ser o ego ou o pólo. É, portanto, símbolo de ação, de manifestação, de ciclo e de perpétua regeneração.
A difusão, a antiguidade e as diferentes suásticas
A suástica é encontrada, dos índios Hopi, aos Astecas, Celtas, Budistas, Gregos, Hindus, etc. As suásticas Budista e Hopi parecem reflexos no espelho do símbolo nazista. Alguns autores acreditam que a suástica tem um valor especial para ser encontrada em muitas culturas sem contatos umas com as outras. Os símbolos a que chamamos suástica são muitas vezes bastante distintos. Vários desenhos de suásticas usam figuras com três linhas. Outras chamadas suásticas consistem de cruzes com linhas curvas. Os símbolos islâmicos e malteses parecem mais hélices do que suásticas. A chamada suástica celta dificilmente se assemelha a uma, mas seria uma forma secundária, como tais são outras. 
A simbologia da suástica, em todos os casos totalizante, é encontrada na China, onde a suástica é o sinal do número dez mil, quer é a totalidade dos seres e da manifestação. É também a forma primitiva do caráter fang, que indica as quatro direções do espaço. Também poderia ter uma relação com a disposição dos números do Lo-chu, que, em qualquer caso, evoca o movimento do giro cíclico. Considerando-se sua acepção espiritual, a suástica às vezes simplesmente substitui a roda na iconografia hindu, por exemplo, como emblema dos nagas. Mas é também o emblema de Ganeça, divindade do conhecimento e, às vezes, manifestação do princípio supremo. Os maçons obedecem estritamente o simbolismo cosmográfico, considerando o centro da suástica como a estrela polar e as quatro gamas que a constituem como as quatro posições cardeais da Ursa Maior. Há ainda formas secundárias da suástica, como a forma com os braços curvos, utilizada no País Basco, que evoca com especial nitidez a figura da aspiral dupla. Como também a da suástica clavígera, cujas hastes constituem-se de uma chave: é uma expressão muito completa do simbolismo das chaves, o eixo vertical correspondendo à função sacerdotal aos solstícios, o eixo horizontal, à função real e aos equinócios (CHAE, CHOO, DANA, GRAP, GUEM, GUEC, GUET, GUES, VARG).
Muito se especula sobre a origem da suástica como símbolo distintivo do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores. Contudo, é o próprio livro de Hitler, Meín Kampf, que explica a escolha da cruz gamada. 
Foi por volta de 1920 que a liderança do então pequeno Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães via crescer as fileiras de adeptos e carecia, portanto, de se ter uma bandeira ou um símbolo para os seus partidários. Consciente desta necessidade, Adolf Hitler explica em seu livro Meín Kampf, como adotou a cruz gamada.

Cruz Patriarcal 

Cruz Patriarcal: Outrora conhecida como Cruz de Lorena, possui um "braço" menor que representa a inscrição colocada pelos romanos na cruz de jesus. Foi muito utilizada por bispos e príncipes da igreja cristã antiga.




Cruz de Jerusalém 
Cruz de Jerusalém: Formada por um conjunto de cruzes, possui uma cruz principal ao centro, representando a lei do antigo testamento, e quatro menores dispostas em cantos distintos, representando o cumprimento desta lei no evangelho de cristo. Tal cruz foi adotada pelos cruzados graças a Godofredo de Bulhão, primeiro rei cristão a pisar em Jerusalém, representando a expansão do evangelho pelos quatro cantos da terra.



Cruz da Páscoa 

Cruz da Páscoa: Chamada por alguns de Cruz Eslava, possui um "braço" superior representando a inscrição colocada durante a crucificação de cristo, e outro inferior e inclinado, que traz um significado dúbio, dos quais se destaca a crença de que um terremoto ocorrido durante a crucificação causou sua inclinação.




Cruz do Calvário 

Cruz do Calvário: Firmada sobre três degraus que representam a subida de jesus ao calvário, essa cruz exalta a fé, a esperança e o amor em sua simbologia.





cruz rosa cruz 

Cruz Rosa-Cruz: Os membros da Rosa Cruz costumam explicar seu significado interpretando-a como o corpo de um homem, que com os braços abertos saúda o Sol e com a rosa em seu peito permite que a luz ajude seu espírito a desenvolver-se e florescer. Quando colocada no centro da cruz a rosa representa um ponto de unidade.



 
Cruz de Malta: Emblema dos cavaleiros de são joão, que foram levados pelos turcos para a ilha de Malta. A força de seu significado vem de suas oito pontas, que expressam as forças centrípetas do espírito e a regeneração. Até hoje a Cruz de Malta é muito utilizada em condecorações militares.
É a união dessas forças antagônicas que exprime um dos principais significado da cruz, que é o do choque de universos diferentes e seu crescimento a partir de então, traduzindo-a como um símbolo de expansão.
De acordo com o estudioso Juan Eduardo Cirlot, ao situar-se no centro místico do cosmos, a cruz assume o papel de ponte através da qual a alma pode chegar a deus. Dessa maneira, ela liga o mundo celestial ao terreno através da experiência da crucificação, onde as vivencias opostas encontram um ponto de intersecção e atingem a iluminação.


"Dictionary of Symbols", J.E. Cirlot - Madrid - 1962

A história do atabaque

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Em nossas giras de Umbanda, é muito comum se ter presente o ataba­que, um instrumento lendário e de origem afro. Esse instrumento dá ritmo e axé aos cultos, possibilitando uma melhor incorporação e dando maior energia aos trabalhos.




O atabaque é um instrumento Sagrado, Consagrado e Firmado por Ori­­xás e Guias e tem uma força pode­rosa, que em uma gira faz toda a di­ferença. Para aprendermos um pouco mais sobre o atabaque e seus funda­mentos trago algumas informações interessantes sobre o mesmo, relacio­nado aos cultos afro religiosos, dentre eles, Umbanda e Candomblé.

Segundo a Wikipédia, “O Atabaque de Origem Africana, hoje muito utili­zado nos cultos aos orixás, de  reli­giõ­es também de origem afro, “E na verdade o caminho e a ligação en­tre o homem e seus orixás, os to­ques são o código de acesso e a chave para o mundo espiritual “( Romário Itararé há 35 anos toca atabaques e instru­mentos de percussão)

Há três tipos de atabaque:  Rum, Rum­pi e o Lê. O Rum é o atabaque maior, o Rumpi seria o segundo ataba­que maior, tendo como importância responder ao atabaque Rum, e o Lê seria o terceiro atabaque onde fica o Ogã que está iniciando ou aprendiz que acompanha o Rumpi. O Rum também é usado para dobrar ou repicar o toque para que não fique um toque repetitivo. Importante saber que cada atabaque tem suas obrigações a serem feitas, pois o atabaque praticamente repre­senta um Orixá.

Existem vários tipos de toques, Angola que se toca com mão e Ketu que se toca com a varinha. Na Angola existem vários tipos de toques, onde cada toque é destinado a um Orixá, por exemplo, Congo de Ouro, Angolão que seria desti­nado a Oxossi, Ygexá que seria destinado a Oxum, etc. O mesmo acontece com Ketu, que se toca com varinha de goiabeira ou bambu, chamada aguidani.O couro também mere­ce cuidados, como passar dendê e deixar no sol para que ele, o couro, fique mais esticado e possa produzir um som melhor.

Um Ogã seria como um Tatá da Casa e na maioria das vezes seu conhecimento é quase superior a um Zelador de Santo. Para ser um Ogã não basta saber tocar, e sim, saber o fundamento da Casa, sali­entando que saber o canto na hora certa, é de gran­de importância para um Terrei­ro.

Existem também outros tipos de componentes que se usam junto com os ataba­ques, como por exemplo, o agogô, chocalho, triângulo, pandeiro, etc. Existe também o Abatá, que seria um tambor, com os dois lados com couro, que se usa muito no Rio Grande do Sul e na nação Tambor de Mina.

Os tambores começaram a apa­recer nas escavações arqueológicas do período neolítico.

O tambor mais antigo foi en­contrado em uma escavação de 6.000 anos A.C. Os primeiros tambores provavelmente consistiam em um pedaço de tronco de árvore oco. Es­tes troncos eram cobertos nas bor­das com peles de alguns répteis, e eram percutidos com as mãos, depois foram usadas peles mais resistentes e apareceram as primeiras baquetas. O tambor com duas peles veio mais tarde, assim como a variedade de tamanho.

De origem africana, o atabaque é usado em quase todos os rituais afro-brasileiros, típico do Candomblé e da Umbanda e de outros estilos relacio­nados e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa são empregados para evocar os Orixás.

Texto de: Marcos Vinicius Caraccio

QUIMBANDA

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A Quimbanda ou Kimbanda não é simplesmente mais uma das linhas existentes dentro dos cultos afro-brasileiros, suas influências não são somente Bantu, Nagô e Yorubá, também abrangem em larga escala vários aspectos da Religião Indígena, Católica,  o Espiritismo moderno, a alquimia, o estudo da natureza fundamental da realidade e Correntes Orientais.
É importante lembrar que o sincretismo entre Exu e o Diabo existe, salvaguardando várias confusões ao verificar que atualmente muitas pessoas pensam que a Quimbanda é um culto satanista, tendo aquele sentimento de dualidade aonde as pessoas vêem o bem e o mal em uma luta eterna confundindo a figura do Diabo com tudo de ruim sem lembrar que Ele já teve seu martírio e foi vencido por Deus que é Quem determina o espectro e a liberdade de suas ações desde o princípio dos tempos.
O conceito de polaridades, positiva e negativa não se encaixa no plano material, aonde não quer dizer o mesmo que atitudes, positiva e negativa, principalmente tratando-se de energia pura. É como disse o sábio preto velho Pai Maneco, falando da importância dos Exus, apontou uma lâmpada e disse: “Aquela é resultado do perfeito encontro entre o positivo e o negativo”.
É bom deixar claro também que o Exu da Quimbanda não é o mesmo Exu do Candomblé aonde ele é um Orixá menor da cultura Yorubá, o Exu da Quimbanda é geralmente um Egum sendo que na maioria dos casos é a Alma de alguém que pertenceu ao culto, conscientemente ou não, e agora trabalha como mensageiro dos Orixás, como Exu, mais ou menos o mesmo que ocorre em outras Linhas e Bandas dedicadas a algum Orixá, por exemplo como na Linha de Ogum trabalham Espíritos de Índios e Negros que em vida foram guerreiros, usaram espada e de alguma forma pertenceram ao culto, como sabemos que Seu Ogum Sete Espadas e Ogum Sete Ponteiras do Mar não são o mesmo que o Orixá maior Ogum.
Os Espíritos, Exus, com os quais estamos tratando tiveram em sua maioria encarnações aqui na Terra em finais do século XIX e princípios a meados do século XX, daí vêm as suas vestimentas e a forma de seu comportamento.
Ainda na questão do sincretismo é muito importante frisar que os autores que até hoje discorreram sobre o assunto usaram um organograma básico para apresentar o que muitos pensam ser a verdadeira organização hierárquica da Quimbanda mas é somente a cópia de um livro antigo de evocação e cultos diabólicos da cultura ocidental que fala sobre os demônios, suas hierarquias e poderes, o “Grimorium Verum”.
Considerando que este livro já existia muito antes do descobrimento do Brasil e que a Quimbanda como conhecemos é uma religião brasileira afirmo que é errado basear-se neste organograma como base para estudarmos este assunto porém não devemos esquecê-lo pois os Exus, como nós, tiveram já várias encarnações, alguns inclusive viveram nos primórdios da nossa civilização como por exemplo Exu Tata Caveira que foi um Sacerdote no Egito antigo ou inda mais longe Exu Caveira que a 30.000 anos atrás era um nômade bruxo e curandeiro, outrora estes Espíritos já trabalharam no plano astral nesta mesma Linha e alguns até ajudaram a escrever o “Grimorium”.
A Umbanda não vive sem a Quimbanda, como a árvore não vive sem a copa ou sem a raiz, então com base em estudos e prática na Quimbanda podemos afirmar que o culto como o conhecemos é o mesmo praticado na maior parte dos Terreiros de Umbanda do Brasil que para obterem equilíbrio em seus trabalhos cultuam as Sete Linhas da Umbanda e as Sete Linhas da Quimbanda, desta forma podemos discorrer aqui sobre o assunto de uma forma mais ampla e que leve a implementar os atuais conhecimentos sobre os Exus.
Quimbanda não é sinônimo de satanismo e de jeito nenhum pode ser ligada a obscuridade, é apenas um termo usado no Espiritismo é uma forma de estar na vanguarda do Espiritismo e da magia trabalhando a espiritualidade como um todo, uma ferramenta destinada a evolução espiritual através do poder e dos conselhos destes nossos guias protetores, os Exus, que tanto nos auxiliam nas horas de aflição.
Embora não devamos julgar sabemos sim que lamentavelmente existem pessoas inescrupulosas e de má índole que usam a magia da Quimbanda para a prática do mal mas isto é culpa exclusiva do homem e não das entidades, não podemos culpar o veneno por matar e sim aquele que o utiliza como arma, não podemos culpar o Exu por fazer o que lhe é pedido mas sim quem se aproveitou deste contato espiritual para pedir que praticasse o mal. Nunca podemos esquecer da imutável Lei do Karma, tudo o que você fizer volta pra você.
Existe muita confusão a respeito do termo Macumba e acho importante esclarecer isto, este nome deriva do Banto “ma-quiumba” que quer dizer espíritos da noite, também este nome era usado no sul do país para definir mulheres negras no tempo da escravidão, por isso o uso do nome ainda hoje é usado de forma preconceituosa por pessoas ignorantes a respeito do assunto.
A Macumba pelo que sabemos é o mais primitivo culto sincretista do Brasil e originou-se na região sul dada a sua maior predominância da nação Banto, é desta nação que descendem a maior parte dos cultos afro-brasileiros com influências da Igreja Católica, Indígenas e das nações do Congo, Angola e Nagô.
A principal razão do culto ser denominado como Macumba foi justamente por motivo de os rituais serem realizados à noite em razão de os trabalhos serem feitos com Eguns e porque durante o dia os negros trabalhavam sem descanso, vem daí a interpretação errada do ritual pelos leigos, os negros que praticavam a Maquiumba ou como ficou conhecida Macumba eram geralmente menosprezados, perjuriados e mal interpretados pelos que os escravizaram em razão de sua fé.
A Igreja também condenava estes cultos com influências indígenas ou africanas dizendo que praticavam beberagens e até orgias. É verdade que as entidades bebem e até pitam e que as curimbas, danças, as vezes são bastante sensuais mas venhamos e convenhamos que entre isto e orgias e beberagem há uma grande diferença.
Quando os grupos de nações começaram a procurar e a valorizar mais a sua natureza e identidade cultural é que a Macumba se dividiu, surgiu então o Candomblé de Angola, o Candomblé do Congo, o Candomblé de Caboclo ou dos Encantados e o Catimbó, no final do século XIX surgiu a Macumba Urbana que tinha participação de brancos pobres e descendentes de escravos, finalmente no inicio do século XX surgiram a Umbanda e a Quimbanda com uma forte influência do Espiritismo e com o sincretismo religioso.
A formação da Quimbanda teve uma forte influência dos escravos e índios que sincretizaram Exu com o Diabo por este ser “inimigo dos brancos” e por não aceitarem os Santos Católicos, identificando-se assim mais uma vez com o Diabo. Com o advento da Umbanda começou o trabalho de Quimbanda em Terreiros de Umbanda o que deu sustentação firme aos trabalhos com os, “Compadres”, Exus e assim formatou-se o atual culto da Quimbanda.
Na verdade pode-se dizer que a Quimbanda como a conhecemos atualmente nasceu juntamente com a Umbanda em 15 de novembro de 1908 pois uma Linha completa o outra formando esta força que nos da vida e este reino cheio de luz.
A Quimbanda esta organizada hierarquicamente em sete grandes reinos, as Sete Linhas da Quimbanda, sendo que na Quimbanda também é Oxalá quem manda, o Sr. Omolu é o Rei,  coroado por Oxalá, este delega os poderes aos Exus Chefes de Falange:
1.    Linha das Encruzilhadas: Exu Tiriri
2.    Linha dos Cruzeiros: Exu Meia Noite
3.    Linha das Matas: Exu Arranca Toco
4.    Linha da Calunga Pequena (cemitérios): Exu Caveira
5.    Linha das Almas: Exu Tranca Ruas das Almas
6.    Linha da Lira: Exu Sete Liras
7.   Linha da Calunga Grande (praia): Exu do Lodo
É importante lembrar que quando o Exu, qualquer um Deles, estiver incorporado no Pai de Santo, no dirigente dos trabalhos, Ele esta trabalhando com a Coroa e por este motivo é o Chefe dos trabalhos da Gira de Quimbanda tendo liberdade de movimento entre os Reinos através do contato com os outros Exus presentes no trabalho. Trabalhar com os, "compadres", Exus requer muito respeito e consideração por parte dos dirigentes, médiuns e consulentes pois são Entidades muito poderosas, de muito Axé.
Fonte: Bruxo Alexandre

17/09/2012

Sobre cambone e cambonar

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Sabe-se que para tudo o que se realiza durante a vida é necessário auxílio; um pedreiro sozinho não constrói um edifício, e se o faz, faz demoradamente e mal feito. Um pizzaiolo sem o garçom que leva a pizza até a mesa não faz o trabalho direito, para uma criança crescer melhor é necessário à presença do pai e da mãe, e assim por diante, em todas as áreas da vida. Mesmo o eremita, que se propõe solitário, ainda faz uso da companhia dos seres da floresta, dos seres espirituais, dos elementais. Dentro de um terreiro é o mesmo princípio, para o trabalho fluir de melhor maneira, faz-se necessário o auxílio de várias fontes, principalmente por envolver a inter-relação entre dois planos existenciais, onde os dois lados se desgastam muito: o espiritual por ter que descer sua vibração até um nível intermediário, para que nós encarnados consigamos elevar um pouco nossas próprias vibrações até estabelecer o contato. A concentração do médium é essencial e a não interrupção da mensagem se faz estritamente preciosa, e é então que o cambone tem seu papel fundamental. Esse texto trás um pouco do esclarecimento quanto à essa posição, e também lança luz à sua postura dentro do campo santo, como médium em preparo.
O Cambone
Mas afinal, o que é um cambone?
Existem concepções diferentes, variando de terreiro a terreiro, mas em suma, cambone é a pessoa que auxilia o médium incorporado, o consulente, auxilia o guia que está em terra e auxilia o dirigente espiritual, sendo seu trabalho puramente de caráter material. Como disse, em alguns terreiros o cambone assume um aspecto especial, sendo designado como, por exemplo, um cargo abaixo do dirigente, atuando acima do pai (mãe) pequeno. Mas de uma forma ou de outra, o cambone trabalha materialmente, cuidando para que os trabalhos sigam o rumo sem falhas, sem interrupções, cuidando do bem-estar e zelando pela segurança dos médiuns e dos consulentes.
Geralmente, quando uma pessoa vai a um terreiro e é detectada a mediunidade latente e a necessidade de trabalho espiritual, ela é convidada a participar dos trabalhos, passando para o "lado de dentro" do campo santo. Aceito esse convite, normalmente o neófito torna-se um auxiliar, sendo parte de seu treino o convívio com os médiuns mais antigos. Nesse momento, o neófito já se torna um cambone e é seu dever procurar conhecer as regras, a priori, materiais da casa e a posteriori, as espirituais.
Outra coisa importante de se saber é a localização geográfica dos pontos energéticos da casa, pontos fundamentais de assentamentos que os guias executam assim que a casa é aberta. Em alguns lugares são chamadas firmezas. Os mais conhecidos são: a trunqueira, o roncó, a camarinha, o congá, os atabaques, o cruzeiro das almas e as firmezas dos povos. Isso para terreiros de Umbanda, quero deixar claro. No candomblé as coisas funcionam de uma forma diferente, não sendo aplicável às regras de um no outro.
O conhecimento físico do terreiro é de suma importância para a correta locomoção e rápida assistência, quando se faz necessário. Os meios materiais também têm que ser de conhecimento do cambone, para a agilidade da gira. Em alguns terreiros, por exemplo, existe um lugar certo, do próprio terreiro, onde são guardadas velas, pembas, águas diversas, etc. Em outros, os próprios médiuns passistas é que trazem tais ferramentas, em caixas ou sacolinhas. Em outros, ainda, a instrumentação utilizada é diferente, substituindo-se, por exemplo, as bebidas por água.
Parece, a princípio, uma coisa muito complicada, com muita informação para ser decorada de cara, mas com o tempo isso se torna tão comum que começa a fazer parte do próprio intelecto do filho de fé.

A difícil arte de incorporar

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Esse é sempre um assunto complicado de abordar e é o maior motivo de mistérios dentro de religiões que usam de tal mecanismo como parte do trabalho. Simplesmente porque incorporação é um ato único para cada indivíduo.
Podemos até encontrar algumas similaridades entre um ou outro médium, mas a experiência, as sensações e tudo o que envolve a incorporação é completamente único.
Por quê?
Porque incorporar leva em consideração uma série de experiências extremamente individuais, a linha de vida da pessoa, o próprio intelecto, o subconsciente e uma série de outras pequenas coisas.
Incorporar, em suma, é realizar um trabalho em equipe. O médium e o Guia comunicante se sintonizam de alguma forma para transmitir uma mensagem. Essa conexão, contudo, tem múltiplas facetas. E isso depende da compreensão do médium e da forma de comunicação do Guia.
Alguns preferem uma incorporação mais tranquila, mais calma, um simples contato mental. Outros necessitam de algo mais físico, até fisiológico para compreender a conexão. Em ambos os casos, a comunicação é feita e, em ambos os casos, a influência do médium é necessária.
Sempre me perguntam como fazer para identificar, quando incorporado, o que é o Guia falando e o que é o médium falando. E eu sempre digo: é sempre o médium falando. E é sempre o Guia falando.
Esse é o significado de "equipe", são duas pessoas responsáveis pelo que acontece. O Guia passa sim informações ao médium, não só o que falar, mas como se portar. Mas cabe ao médium dar vazão a isso ou não. Em todos os casos, a responsabilidade é sempre compartilhada.
Não adianta tentar traçar essa linha, o que é médium e o que é Guia. Ela não existe. Por isso o que acontece é tão mágico e tão sério: Porque é a oportunidade perfeita para o médium aprender não só a ajudar, mas a se ajudar também. Muitos dos conselhos dados durante um passe, por exemplo, são experiências vividas pelo próprio médium. São coisas da nossa vida que, às vezes, não queremos ver, nos esquecemos ou não damos importância. O que o Guia faz, nesses casos, é só ressuscitar tal aprendizado em você e compartilhá-lo.
Essa forma de pensar também evita equívoco do tipo "tal pessoa não está incorporada". Se você pensa que incorporar é um espírito sair do corpo e dar lugar a outro, então com certeza o médium não estará incorporado. Mas isso é realmente importante?
Para mim, durante um passe, o importante era ouvir um conselho dado por uma pessoa que pouco me conhece alguém que consegue ver o problema por outros ângulos que não o meu. Claro, uma pequena mandinga, que tem a ver com o realinhamento energético ou a mudança de pensamento a fim de afastar um verdugo também ajuda e, desde que isso funcione pouco me importa se o médium está incorporado ou não.
Para mim, ver as coisas de outra forma é um pouco de prepotência… ou covardia. Ou falta de vontade de aprender, talvez. De qualquer forma, é uma boa forma de perder seu tempo.

" O que é, para você, uma pessoa espiritual? "

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Dei-lhe a seguinte resposta:

- A minha fé é no Universalismo Crístico, logo, para mim não há pessoa não espiritual, ainda que ela negue a espiritualidade ( e até DEus! ), todos somos espirituais porque não há mais nada além disso.

Se O Criador é único, onipotente, onipresente e oni- "tudo ", e ELE É, então não há como ser algo fora d'Ele, simplesmente por não haver esse " algo ".

Tudo o que vivenciamos aqui não passa de experiências para nosso desperta de autoconsciência, como uma criança que nasce e aos pouco vai se situando entre os seus e em relação ao ambiente em que está inserido.

Quanto mais se experimenta, mais ampla se torna a visão do mundo ao seu redor.

Assim, cada um será atraído, segundo sua natureza, para aquilo que no momento lhe acrescentará alguma coisa importante á experiência.

E tanto faz se a pessoa se dedica a algo considerado religioso ou profano, o que importa é que ela amplie sua visão de si com relação ao Todo.

O que se convencionou chamar de matéria nada mais é que o outro lado da moeda do Ser.

Se tudo o que percebemos é energia manifestada, e sabendo que energia se manifesta de forma polarizada, logo com o Ser não é diferente, ele irá se manifestar polarizado em espírito e matéria.

Ah, sim, a questão do Bem e do Mal. Sim entendo e afirmo sua existência e influência sobre tudo.

Os dois são partes de toda a Criação Divina, pois os dois estão na Condição Polar da Manifestação. Estamos, assim como toda a Criação, condicionados às Polaridades.

As Polaridades são os tais dois lobos da fábula idígena; são duas forças que se equivalem, opostas uma à outra, mas que no equilíbrio garante a manifestação.

E, está claro que se alimentarmos mais uma delas, a que for alimentada suplantará a outra, mas então deixaremos de nos manifestar, simplesmente porque sairemos das condições polarizada da manifestação a que chamamos criatura humana.

E pararei por aqui, para não correr o risco de 'falar' o que não devo...
( Ashra/ VSL )


 

11/09/2012

O que é inteligência espiritual?

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É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos...
O texto abaixo se soma a antigas especulações em meios filosóficos: as chamadas dimensões humanas (ex. Miguel Reale), mais especificamente a dimensão religiosa, no texto abaixo chamado de Inteligência espiritual. Para Miguel Reale, o ser humano se caracteriza por seis dimensões: cognitiva, econômica estética, política, religiosa e social. Todas as seis dimensões estão, de alguma forma, onipresentes no comportamento humano, mesmo que ele o negue ou não saiba disso, como ocorre com a dimensão religiosa.
Mesmo os chamados ateus, agnósticos ou materialistas, escamoteiam seu comportamento religioso em outras formas, muitas vezes mágico ou dogmático ajustado ao seu perfil ideológico, como por exemplo, transformar o dinheiro ou o mercado em fetiche ou acreditar que o consumo conspícuo tem poderes milagrosos de garantir a felicidade.
A pesquisadora amplia a demonstração de que a Inteligência Espiritual (Dimensão Religiosa do ser humano) é algo real, qualquer que seja a sua explicação. Ela traz para o plano racional a discussão que ajuda a explicar a crise do Ocidente, pelo desequilíbrio gerado pelo economicismo feroz, que deixa de lado a ética e a credibilidade dos relacionamentos humanos.
Grandes descobertas por: Danah Zohar
No livro QS - Inteligência Espiritual, lançado no ano passado, a física e filósofa americana Danah Zohar aborda um tema tão novo quanto polêmico: a existência de um terceiro tipo de inteligência que aumenta os horizontes das pessoas, torna-as mais criativas e se manifesta em sua necessidade de encontrar um significado para a vida. Ela baseia seu trabalho sobre Quociente Espiritual (QS) em pesquisas só há pouco divulgadas de cientistas de várias partes do mundo que descobriram o que está sendo chamado "Ponto de Deus" no cérebro, uma área que seria responsável pelas experiências espirituais das pessoas. O assunto é tão atual que foi abordado em recentes reportagens de capa pelas revistas americanas Neewsweek e Fortune. Afirma Danah: "A inteligência espiritual coletiva é baixa na sociedade moderna. Vivemos numa cultura espiritualmente estúpida, mas podemos agir para elevar nosso quociente espiritual".
Aos 57 anos, Danah vive em Inglaterra com o marido, o psiquiatra Ian Marshall, co-autor do livro, e com dois filhos adolescentes. Formada em física pela Universidade de Harvard, com pós-graduação no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), ela atualmente leciona na universidade inglesa de Oxford. É autora de outros oito livros, entre eles, O Ser Quântico e A Sociedade Quântica, já traduzidos para português. QS - Inteligência Espiritual já foi editado em 27 idiomas, incluindo o português (no Brasil, pela Record). Dana tem sido procurada por grandes companhias interessadas em desenvolver o quociente espiritual de seus funcionários e dar mais sentido ao seu trabalho. Ela falou à EXAME em Porto Alegre durante o 300 Congresso Mundial de Treinamento e Desenvolvimento da International Federation of Training and Development Organization (IFTDO), organização fundada na Suécia, em 1971, que representa 1 milhão de especialistas em treinamento em todo o mundo. Eis os principais trechos da entrevista:

 

O que é inteligência espiritual?
É uma terceira inteligência, que coloca nossos atos e experiências num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos. Ter alto quociente espiritual (QS) implica ser capaz de usar o espiritual para ter uma vida mais rica e mais cheia de sentido, adequado senso de finalidade e direção pessoal. O QS aumenta nossos horizontes e nos torna mais criativos. É uma inteligência que nos impulsiona. É com ela que abordamos e solucionamos problemas de sentido e valor. O QS está ligado à necessidade humana de ter propósito na vida. É ele que usamos para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear nossas ações.

 

De que modo essas pesquisas confirmam suas idéias sobre a terceira inteligência?
Os cientistas descobriram que temos um "Ponto de Deus" no cérebro, uma área nos lobos temporais que nos faz buscar um significado e valores para nossas vidas. É uma área ligada à experiência espiritual. Tudo que influência a inteligência passa pelo cérebro e seus prolongamentos neurais. Um tipo de organização neural permite ao homem realizar um pensamento racional, lógico. Dá a ele seu QI, ou inteligência intelectual. Outro tipo permite realizar o pensamento associativo, afetado por hábitos, reconhecedor de padrões, emotivo. É o responsável pelo QE, ou inteligência emocional. Um terceiro tipo permite o pensamento criativo, capaz de insights, formulador e revogador de regras. É o pensamento com que se formulam e se transformam os tipos anteriores de pensamento. Esse tipo lhe dá o QS, ou inteligência espiritual.

 

Qual a diferença entre QE e QS?
É o poder transformador. A inteligência emocional me permite julgar em que situação eu me encontro e me comportar apropriadamente dentro dos limites da situação. A inteligência espiritual me permite perguntar se quero estar nessa situação particular. Implica trabalhar com os limites da situação. Daniel Goleman, o teórico do Quociente Emocional, fala das emoções. Inteligência espiritual fala da alma. O quociente espiritual tem a ver com o que algo significa para mim, e não apenas como as coisas afetam minha emoção e como eu reajo a isso. A espiritualidade sempre esteve presente na história da humanidade.
No início do século 20, o QI era a medida definitiva da inteligência humana. Só em meados da década de 90, a descoberta da inteligência emocional mostrou que não bastava o sujeito ser um gênio se não soubesse lidar com as emoções. A ciência começa o novo milênio com descobertas que apontam para um terceiro quociente, o da inteligência espiritual. Ela nos ajudaria a lidar com questões essenciais e pode ser a chave para uma nova era no mundo dos negócios.

 

Danah Zohar identificou dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes. Segundo ela, essas pessoas:

 

1. Praticam e estimulam o autoconhecimento profundo.
2. São levadas por valores. São idealistas.
3. Têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade.
4. São holísticas.
5. Celebram a diversidade.
6. Têm independência.
7. Perguntam sempre "por quê?"
8. Têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo.
9. Têm espontaneidade.
10.Têm compaixão.

 

Por nossa colaboradora - Elcira de Araujo Corrêa da Silva
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